Emojis, figurinhas, reações e curtidas nos stories... O que era para agregar na nossa comunicação e deixar mais visual o que gostaríamos de dizer vem se tornando um substituto para algo que é primordial nos relacionamentos de qualquer ordem: a comunicação.
Há tempos venho refletindo sobre isso e até me policiando no uso desses “facilitadores” (dá para chamar assim?) e cheguei a uma conclusão: as pessoas estão perdendo a capacidade de se comunicar e de se expressar umas com as outras.
O uso excessivo desses artefatos, na minha visão, tem levado as relações a um lugar onde a palavra vai se distanciando e a troca se torna supérflua, rasa. As pessoas já não conseguem se expressar por escrito (ou em áudio) e, no lugar disso, enviam uma figurinha ou até mesmo deixam um coração ou “joia” no que foi enviado. Mensagens importantes são recebidas com a frieza de um emoji e ficam com a falta do calor do que realmente poderia ter sido dito.
Não quero problematizar o uso das figurinhas, emojis e reações - até porque eu uso e sei que eles são uma forma de se comunicar -, mas chamar a atenção para como estamos os usando. Eles têm nos tornado frios e distantes? Ou os usamos como muleta para não termos a implicação de realmente expor o que sentimos? Se antes, nos aniversários, recebíamos uma ligação calorosa, hoje em dia enviar um emoji de serpentina e bolo já basta - ou até mesmo uma figurinha bonitinha que serve como substituto para textões.
Nossas palavras estão sumindo porque não queremos lidar com o peso do que dizemos ou escrevemos. Ou porque “não temos tempo” para fazer uma ligação para o aniversariante ou mandar uma mensagem para a pessoa que começou um emprego novo. Até mesmo para evitar o desconforto de responder a uma mensagem que não foi tão legal de ler e agradecer pelo convite para uma data importante que não poderá ser atendida.
Nossos afetos estão sendo trocados por reações rápidas e “usados recentemente”, e isso tem deixado a nossa comunicação preguiçosa e as nossas trocas pobres e apáticas. Apesar de algumas figurinhas e emojis conseguirem traduzir certas reações e sentimentos, não há nada tão nosso quanto a palavra - seja ela falada ou escrita.
A palavra conecta, junta, escancara, limita. A palavra expressa a singularidade de cada um e expõe o que realmente se quer colocar na relação. Emojis e figurinhas são ambíguos e generalistas. Acredito que, para tentarmos voltar aos afetos calorosos de antes (e antes de quê? Alguém arrisca um palpite?), podemos buscar um equilíbrio entre palavras e figuras - em que emojis, figurinhas e reações entrem como uma parte da equação que soma, não a que substitui e distancia.
Com o texto, fica o convite para refletir: como está a sua comunicação? Você tem se expressado com equilíbrio ou usado muletas demais?









Texto coerente com a triste realidade. E mesmo quando pessoas se reúnem presencialmente, a comunicação é o silêncio de cabeças baixas, olhares fixos em um aparelho celular e dedos curvados.
ResponderExcluirExatamente!
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