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Esses dias eu fiquei pensando que conviver com alguém é aceitar uma dualidade, uma rachadura. É entender que não se pode ter o perfeito, mas o real, que demonstra falhas. É abrir mão de querer controlar alguém e aceitar que os defeitos existem, até mesmo em nós. E é exatamente isso que nos torna quem somos. E é através disso que a gente escolhe ficar ou não.
É entender que nós não somos preto ou branco, mas, sim, cinzas; uma mistura do que temos de bom e do que não é tão agradável assim. Isso envolve maturidade para reconhecer que a perfeição é fantasia e pensar no próprio lugar no mundo. Lugar este que é individual e que convive com outros seres individuais, apesar do espaço coletivo. É reconhecer que cada ser humano é um e que não, necessariamente, agiria como gostaríamos ou como até nós agiríamos.
Conviver com alguém, seja por meio de relações amorosas, familiares, de amizade ou de trabalho, é considerar dois, três, quatro ou vários jeitos individuais que formam uma outra saída, juntando pedaços de todos que participam da equação. É compartilhar peças de um quebra-cabeça que fica exposto na mesa da sala, esperando ser finalizado.
Conviver com alguém também é abrir mão do nosso narcisismo (aquele que todo mundo tem um pouco) e se enxergar como mais um pontinho no mundo, mas que ainda tem a sua importância. É também ceder, dialogar, se prontificar e ser firme quando necessário. É entender que ter o próprio conto de fadas é possível, mas de um jeito ressignificado e adaptado.
É, por fim, internalizar que a perfeição é uma fantasia agarrada à imaturidade e que ninguém jamais alcançou tal feito. É enxergar beleza no falho, se ver enquanto ser humano em toda a sua complexidade e aceitar, se permitindo viver uma vida leve e rachada, mas bela mesmo assim.









Gostei do texto. Repleto de verdade. Quando reconhecemos que também somos filhos, passamos a enxergar a falha do outro de diversas formas e parâmetros. E enxergar é acordar muitas vezes. Amei o texto
ResponderExcluirobrigada <3
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